O Governo Federal está focado no mercado do arroz. Já decidiu acabar com o imposto de importação do cereal até o fim do ano, trazer de fora 1 milhão de toneladas e foi mais longe: vai distribuir o arroz no mercado brasileiro. Como? Com um selo especial do governo que será exibido nas embalagens de arroz com a mensagem de teto de preço: R$ 8 pelo saco de 2kg. O símbolo da intervenção no mercado com tabelamento do valor de venda.
A medida é mais uma na cesta de outras que causam desequilíbrio no mercado de arroz. O Brasil consome cerca de 11 milhões de toneladas por ano e somente o governo vai importar 10% disso para aumentar a oferta. A iniciativa privada está sem barreira para trazer arroz de fora do Mercosul e sem limite de volume, pode trazer mais arroz, também. O efeito disso? Desequilíbrio. A oferta abundante tende a derrubar o preço, desincentivar o agricultor brasileiro a semear arroz e com isso diminuir a produção nacional.
O resultado no próximo ano tende a ser menor oferta, arroz mais caro e uma real necessidade de trazer arroz de fora. A mão do governo no mercado de arroz deve tirar agricultores brasileiros da produção, já que o incentivo econômico de apostar na cultura foi claramente extinto da equação.
Levantamento da Embrapa mostrou que apenas 11% das lavouras do Rio Grande do Sul foram atingidas pela enchente. Cerca de 80% do arroz já havia sido colhido e os efeitos nos produtos armazenados ainda estão sendo calculados.
A alegação do governo é o risco de desabastecimento e efeitos na inflação, já que o estado gaúcho é o maior produtor nacional de arroz e parte da produção foi atingida pelas inundações. O custo do uso político de medidas populistas com o arroz será pago, especialmente, pelos agricultores familiares do Rio Grande do Sul, recém atingidos pelas trágicas enchentes.