O governo da Nova Zelândia cancelou o plano de taxar as emissões de gases gerados por animais de atividades agropecuárias, que começaria já no próximo ano. A iniciativa era pioneira e representava o primeiro imposto deste tipo no mundo. Descontente com a ideia, o agro foi às ruas em mobilizações que incluíram tratoraços, cartazes e mensagens claras de que não suportariam um imposto desse tipo.
A pressão dos agricultores preocupados com a viabilidade dos negócios gerou efeitos políticos e uma vitória ao agro neozelandês: o governo recuou da ideia de taxar o setor e agora fala em recomeçar e envolver os agropecuaristas na busca por soluções para trabalhar com o metano.
Um importante aprendizado podemos tirar desse caso: o setor agropecuário é a espinha dorsal da economia. Por isso, é preciso respeitá-lo e incentivá-lo em vez de impor taxas e regulações que asfixiam os negócios rurais. Isso vale para a Nova Zelândia, para o Brasil e para qualquer outro país do mundo.
Após a fracassada tentativa de implementar o primeiro imposto para gases de animais criados em fazenda, a Nova Zelândia decidiu investir US$ 400 milhões nos próximos quatro anos em tecnologias para reduzir as emissões nas atividades agro. E agora sinaliza apoio aos agricultores ao mesmo tempo que cumpre obrigações internacionais da agenda verde.
No caso do Brasil, os maiores desafios estão ligados à pressão sobre uso e ocupação da terra do que propriamente à taxação climática sobre emissões da produção agropecuária, como era o caso na Nova Zelândia. Foi o que me disse o ex-secretário do Ministério do Meio Ambiente, Eduardo Lunardelli. Aqui há, no entanto, um lobby que segue articulado para que a taxação sobre a produção ocorra, ainda que indiretamente, através, por exemplo, do sistema de cotas para emissão de gases de efeito estufa.
Cedo ou tarde, outros países do mundo deverão também despertar para os riscos do excesso de regulações e tributações. Das ruas da Nova Zelândia, vem um recado claro: No farmers, no food. Sem agricultores, sem comida.