A vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos promete impactos diretos e indiretos no agronegócio, tanto no Brasil quanto no mercado global. É esperado que Trump retome uma postura firme em relação à China, iniciando uma nova fase de guerra comercial com tarifas adicionais para o país de Xi Jinping, o que abriria oportunidades para o Brasil. Assim como em 2018, o Brasil poderia ver um aumento na demanda por produtos como soja, milho e carnes, fortalecendo o agro brasileiro ao preencher as lacunas deixadas pelas exportações dos EUA.
Além disso, Trump deve apoiar os combustíveis fósseis e ser bastante crítico às políticas de ESG. Uma eventual redução nas regulamentações ambientais poderia tornar o agronegócio dos Estados Unidos mais competitivo. A flexibilização dessas normas tende a reduzir os custos de produção para os americanos, concorrentes do agro brasileiro em vários mercados.
Outro ponto importante é o apoio do setor rural dos Estados Unidos ao governo Trump. É esperado que o republicano retribua com políticas de incentivo ao setor, incluindo a criação de subsídios para melhorar a rentabilidade dos produtores.
Na geopolítica, Trump já disse que quer ver os EUA afastados de guerras desnecessárias. A diminuição do financiamento à Ucrânia pode acelerar o fim do conflito contra a Rússia. No Oriente Médio, Trump deverá manter forte apoio a Israel, e nas relações com a China, especialmente em relação a Taiwan, é esperado que o republicano mantenha certo distanciamento do tema. Essas questões geopolíticas impactam o agro, seja pela formação de preços de commodities agrícolas, como é o caso do leste europeu, também a formação de custos de produção pela presença de fornecedores de fertilizantes e diesel ao Brasil em guerras como a da Europa e Oriente Médio.