Como será o mundo com Donald Trump ou Kamala? Conversei com o coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, que apontou expectativas bastante diferentes para a condução na geopolítica e no agro. Confira!
O que muda com Trump e o que muda com Kamala?
O que a gente espera, e é o que eu tenho visto, é um pouco do que eu ouvi, a Kamala um pouco mais do mesmo. Quer dizer, o que já vinha sendo feito pelo Biden. Ela não tem experiência nessa área e o que a gente tem visto é os Estados Unidos quase que se retirando da cena internacional nesses últimos anos, com menor protagonismo, ainda que nos últimos tempos, depois da questão Israel e Irã, eles estiveram mais ativos. Mas eu não vejo uma posição muito contundente da Kamala. Mas eu vejo, sim, no caso do Trump. Eu acho que o Trump, se ele entrar, ele vai claramente se aproximar mais da Rússia, é o que ele tem dito. E eu acho que ele quer terminar esse problema de alguma forma, ele vai ser muito mais ativo. E também acho que ele vai defender com mais força o estado de Israel, sabe? Então eu acho que ele será realmente mais contundente em termos de política externa.
E talvez, o ponto mais importante é a questão com a China. Eu acho que ele vai ser muito mais contundente em termos de política comercial. Ele tem dito que vai aumentar as tarifas americanas para o nível dos seus correntes, buscar uma reciprocidade. E isso realmente significa um aumento das tarifas americanas, portanto mais protecionismo. E o que a gente tem que entender é que mais protecionismo nos Estados Unidos pode ser até benéfico se a China reage aumentando também as suas tarifas para os americanos.
Numa nova edição de um governo Trump, soja, milho e carne bovina serão as principais culturas que você enxerga que a China comprará mais do Brasil em função de uma consequência de curto prazo de aumento de tarifa dos Estados Unidos contra o país do Xi Jinping?Olha, eu não vejo tanto em soja porque no caso da soja, existe uma complementariedade de safras entre hemisfério norte e hemisfério sul. E para a China seria uma loucura ela tentar comprar toda sua soja apenas numa época do ano. Ela vai tentar comprar, acho, que nas duas épocas. A soja é o principal produto da nossa exportação e também da exportação dos Estados Unidos para a China. Então eu acho que na soja não vai alterar muito o que está acontecendo hoje, que o Brasil é uma maior fornecedor, mas os Estados Unidos entram na época em que nós não temos produção e não fazemos o trade. Agora, eu acho que pode abrir, sim, mais mercados em carnes, por exemplo, e não só na carne bovina, mas também na carne de aves, carne suína, no algodão e outros produtos que eventualmente sofreriam um aumento das tarifas da China em função de uma guerra comercial bilateral.