O presidente chinês, Xi Jinping, estará no Brasil nesta semana para participar da Cúpula do G20 e na sequência, terá um encontros Brasília com o presidente Lula. Um dos temas que devem estar em pauta é uma eventual adesão do país à Rota da Seda, que é um mega projeto de investimento do país asiático em infraestrutura. A Arko Advice revela que a medida poderia gerar maior dependência do Brasil em relação aos chineses. E, caso a adesão não ocorra, o agro brasileiro poderia sofrer algum tipo de pressão por parte de Xi Jinping. Entenda!
Qual é o principal objetivo deles com essa agenda junto ao governo Lula neste momento?
Existe um interesse do Xi Jinping de ampliar essa relação e ampliar essa relação dentro do menu do cardápio que a China pode oferecer é algo muito ligado, por exemplo, a Rota da Seda. E a participação do Brasil na Rota da Seda já é um desejo antigo dos chineses e que eles imaginam que agora seria mais fácil de trazer isso para o papel, principalmente levando em consideração a potencialidade de um governo mais protecionista nos Estados Unidos.
Então nós temos um momento que na sua opinião é favorável para que o Brasil anuncie adesão à Rota da Seda? Para todos estarmos na mesma página, a nova Rota da Seda é um mega projeto de infraestrutura da China que os chineses pretendem investir, por exemplo, bilhões de dólares no Brasil para fomentar o desenvolvimento de infraestrutura e até baratear a chegada de alguns produtos lá na China. É isso? Quantos bilhões eles devem investir se o Brasil der o sinal verde para isso acontecer?
Olha, o governo Lula pode deixar claro para o Xi Jinping que tem a intenção de aderir a partir daí inicia toda uma negociação doméstica. Porque o participar da Rota da Seda envolve várias responsabilidades do lado do país que receberia esses investimentos chineses. Bem ou mal é um processo de endividamento. Você abre uma nova linha de crédito e essa linha de crédito ela vai gerar um endividamento que vai aprofundar ainda mais a relação de dependência que já é existente entre Brasil e China. E onde se aprofunda uma relação de dependência, você acaba gerando uma maior assimetria entre os países. Então para que isso aconteça, o governo brasileiro teria que ajustar algumas coisas e o governo chinês eles entendem que a melhor forma de gerar uma relação com alguém é você gerando uma relação de linhas de crédito e de endividamento.
Qual é a vantagem pro Brasil ao aderir a esse projeto grande de infraestrutura chinês, se essa é uma das principais agendas que você projeta para o Xi Jinping aqui no Brasil. O que o Brasil ganha em aderir a esse projeto?
O que o Brasil ganha é ficar bem com o seu principal comprador. E sabemos que os chineses, eles têm uma uma forma muito direta e algumas vezes relativamente agressiva de conseguir o que eles quiserem dentro de uma negociação. Então nós já tivemos episódios no passado de inspeções sanitárias não programadas ou de inspeções sanitárias que atrasaram o desembarque de grãos de determinados navios em portos chineses. Tudo isso acaba sendo respostas do governo chinês em relação a uma insatisfação que eles têm em relação ao governo brasileiro. Dentro de uma situação de dívida, isso se anula porque assim a China passa a ser financiadora de um país que está endividado. E aí a flexibilidade do governo brasileiro de atender as necessidades chinesas acabam subindo muito mais.