Uma lei ESG da Europa que proíbe a importação de produtos agropecuários vindos de áreas abertas após 2020 está prevista para entrar em vigor em 2025.
A medida tem potencial de impactar pelo menos 7 cadeias agroexportadoras e o comércio de 100 bilhões de dólares entre Brasil e Europa, anualmente. Agricultores brasileiros foram até a Europa e falam em grande problema pela frente.
Confira um trecho da conversa que tive com o presidente da Aprosoja Brasil, Maurício Buffon:
A nova lei europeia será adiada?
Não, não temos essa certeza ainda. Estamos com as entidades, com os agricultores e o departamento agrícola da Europa que a gente esteve conversando aqui, eles não têm ainda esse sentimento. Eles falam que essa nova legislação deles foi votada no Parlamento Europeu e que eles ainda não sabem. Tem uma nova regulamentação dela para sair agora no dia 24 deste mês agora. Então a gente está com essa expectativa do que vem nessa regulamentação. Mas, fato de consulta pública, algo desse nível, aí não tem nada. Então eles nos falam que tudo indica que ela entra em vigor, sim.
Essa dificuldade adicional significa na sua avaliação que parte do volume de soja exportado para Europa pode sofrer uma grave redução se essas novas adequações não forem feitas? A exportação de soja vai cair?
Eu acredito que realmente nós vamos ter um grande problema nesse momento porque a exportação vai cair, sim. Nós não temos como atender até porque essa lei é muito punitiva. Não é só ambiental, é trabalhista e é fiscal. E eles têm quatro anos para fiscalizar essas cargas vindo aqui [na Europa]. Então você imagina: carregar uma soja da safra 24/25 e lá em 27/28 eles apontarem que uma empresa não cumpriu alguma das normas que eles estão impondo. Eles vão estar nos cobrando aí de 1% a 4% do faturamento da empresa de multa, não é sobre aquela carga. Então, realmente, nós temos adiante de um problema muito sério. A agricultura brasileira passa e vai passar por um momento aí de ajustes.
A gente tem alguns dados que mostram que a Europa compra praticamente metade de todo farelo de soja que o Brasil produz. Ou seja, deixar de exportar para a Europa não é um impacto trivial, correto? Se essa condição acontecer, quais são as alternativas para o produtor de soja do Brasil agroexportador?
Na verdade, a alternativa no momento, é que nem a toque de caixa não vai ter. O que vai acontecer é uma redução de preço de produto com certeza com a oferta maior. Mas a Europa vai ter que se abastecer de algum lugar. Algumas informações que nós tivemos, por exemplo, é que tem soja que vem para a Europa que sai daqui e vai para a Ásia, indo para China, indo para outros países asiáticos. Então vai ter que se criar também um mecanismo para essa soja não vir mais aqui a indústria deles [da Europa]. Aqui [na Europa] também vai perder, então não tem ganhadores nesse jogo, né? A indústria deles também vai perder e vai acabar atendendo esses mercados aí direto pelo Brasil e é muito especulativo, é muito achismo, vamos falar assim.
O fato é que as coisas aqui já aconteceram. A parte ambiental da Europa, por exemplo, as infraestruturas nós temos aqui [na Europa] uma logística ambiental e de infraestrutura deles é uma coisa absurda, portos, aeroportos, trens, principalmente os, portos canais de portos, uma série de coisas. E eles estão proibindo o mundo de trabalhar, então realmente a Europa hoje ela se impõe dentro de uma condição em que eles já fizeram no país deles e o resto do mundo não tem direito de poder trabalhar e principalmente a agricultura desenvolver os seus países.