Os Estados Unidos estão prestes a dar mais um passo no endurecimento das relações com a China, dessa vez com impactos potenciais também no setor agrícola. A Câmara dos Representantes aprovou nesta semana um projeto de lei que proíbe a operação de novos drones da fabricante chinesa DJI, uma das líderes globais na produção desses equipamentos. A medida, que ainda precisa ser aprovada pelo Senado, busca impedir a operação de drones chineses na infraestrutura de comunicações do país. A DJI, que detém mais de 50% do mercado de drones nos EUA, já se manifestou contrária à proposta, afirmando que a proibição compromete a capacidade dos americanos de utilizarem as melhores ferramentas disponíveis.
A relevância dos drones para a agricultura, tanto nos EUA quanto no Brasil, é inegável. Esses equipamentos têm revolucionado o campo, permitindo maior eficiência na pulverização de defensivos, monitoramento de lavouras e mapeamento de áreas plantadas. Segundo Luis Gustavo Scarpari, CEO da Sardrones, se novos produtos da DJI forem banidos dos EUA, é provável que outras empresas ocupem o espaço deixado no mercado. Ou seja, não há um cenário plausível em que uma das maiores economias mundiais deixe de usar drones no agro.
Por trás dessa decisão de proibir novos drones da fabricante chinesa, está a crescente guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo e desconfianças dos norte-americanos sobre espionagem e monitoramento pelo partido comunista chinês. Nas redes sociais, a autora do projeto, deputada Elise Stefanik, disse que por anos, o governo americano soube que a DJI representava um risco econômico e para a segurança nacional. E classificou os drones da empresa como espiões no céu dos Estados Unidos. Esse é mais um episódio que reflete a deterioração das relações entre os dois países focada no controle de tecnologias.
O resultado das eleições de novembro nos EUA será decisivo para determinar o rumo da política americana, especialmente no contexto das tensões comerciais e tecnológicas com a China. Para o agronegócio brasileiro, que depende fortemente de ambos os países como principais parceiros comerciais, qualquer mudança nessa relação poderá trazer consequências diretas e indiretas, impactando os negócios do agro.