O uso do yuan, como é mais popularmente conhecido o renminbi, a moeda oficial da China, atingiu níveis recordes neste ano. Em julho, 53% das transações financeiras da China usaram a moeda, um aumento em relação aos cerca de 40% do mesmo mês em 2021, de acordo com dados da Administração Estatal de Câmbio.
O gráfico mostra o aumento da participação do renminbi, representado em azul, a partir de 2014. Em contraste, o dólar americano teve uma queda acentuada durante o mesmo período. Um dos fatores mais relevantes para o crescimento recente da moeda chinesa foram as sanções dos EUA à Rússia, limitando a capacidade do país de Putin de usar o dólar após a invasão da Ucrânia.
Com o uso do yuan atingindo níveis históricos, o setor agro brasileiro, que é altamente dependente de exportações para a China, tem oportunidades e desafios com a possibilidade de um câmbio direto entre yuan-real avançar.
Atualmente, a maioria das transações entre Brasil e China passa pelo dólar americano, o que gera custos adicionais de conversão. Um câmbio direto entre yuan e real eliminaria essa etapa intermediária, simplificando o processo de pagamento. Entre os desafios para o uso do yuan-real está a dependência das políticas monetárias chinesas, já que ao adotar o yuan, o Brasil ficaria mais exposto às políticas da China. O yuan não é uma moeda totalmente livre, passa pelo controle do governo chinês e isso pode impactar os exportadores brasileiros, especialmente em momentos de crise no país asiático.
O cenário de avanço do yuan pode influenciar o agro no futuro, mas no presente o dólar ainda é a moeda preferida entre algumas das maiores compradoras de grãos no Brasil, como a ADM. O presidente da ADM na América do Sul, Luciano Botelho, me explicou que, como a empresa é americana, negociar em dólar é mais conveniente, e ainda não está claro se usar o yuan é uma meta futura. Fontes da Cargill, outra grande trading do mundo com atuação no Brasil, afirmaram que a empresa não utiliza o yuan para transações de exportação.
O recorde do yuan nos chama atenção para uma possível nova dinâmica nas exportações, o que exigirá adaptação do agro para um cenário comercial mais diversificado no futuro.