Uma tempestade perfeita tomou conta do governo Lula e a política agrícola está no centro dessa crise. A demissão do secretário de Política Agrícola, Neri Geller, ocorreu nesta terça-feira, como consequência das suspeitas envolvendo o leilão do governo para importação de arroz. No fim de semana, o Hora H do Agro aqui na Jovem Pan destacou que entre os arrematantes estavam empresas sem experiência no negócio, como queijaria, locadora de carros e loja de suco. Depois, foi revelado que a principal corretora do leilão pertence a um profissional que foi assessor de Neri Geller na Câmara e que também é sócio do filho de Geller em outras empresas. Resultado: leilão cancelado, suspeitas sendo apuradas e governo sem secretário de política agrícola no mês de lançamento do Plano Safra.
Há 20 dias para o fim de junho, o governo não tem secretário de política agrícola e nem data para o lançamento do Plano Safra, que é o principal programa público de crédito para apoiar a agricultura e a pecuária do país. Um vazio na principal pasta do Ministério da Agricultura e um bocado de trabalho a ser feito para definir o volume de recursos, taxas de juros e data para a cerimônia.
A Conab disse que o leilão foi cancelado pois havia dúvidas sobre a capacidade financeira dos arrematantes para realizar a operação. O foco do governo segue no arroz e o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento afirma que um novo leilão será feito em breve. Leilão, vale dizer, desnecessário já que não há risco de faltar arroz no Brasil, pois a cultura não foi a mais atingida pelas enchentes no Rio Grande do Sul e não há risco de oferta já que 80% da safra já havia sido colhida.
O agro e a sociedade brasileira esperam respostas rápidas na direção de ter lisura nos processos públicos, como o leilão da Conab. E claro, respostas sobre o Plano Safra e competência técnica para os nomes que vão ser cotados para ocupar o principal cargo da Política Agrícola brasileira.