O governo decidiu zerar a tarifa de importação de arroz até 31 de dezembro deste ano para países fora do Mercosul. Segundo o Ministério da Indústria e Comércio, a medida pretende evitar que a “oferta nacional do produto seja comprometida pelas enchentes no Rio Grande do Sul, responsável por cerca de 70% da produção nacional”.
Além disso, a Companhia Nacional de Abastecimento suspendeu o leilão de compra pública de arroz importado que estava agendado para ontem, terça-feira. Segundo a Conab, a nova data de realização vai ser publicada oportunamente e o motivo para o cancelamento não foi comunicado.
Sob a justificativa de garantir o abastecimento da população, o governo detona mais uma bomba em cima do agro ao abrir as porteiras para entrada de arroz de fora sem controle de volume e com validade até o fim do ano. Justamente no momento em que produtores de arroz enfrentam problemas de infraestrutura e desafios para se reerguer após as enchentes.
A Cogo Inteligência em Agronegócio classificou como desastrosa a medida do governo contra a produção de arroz nacional em estudo em que analisou a medida:
O zeramento de TEC sem cotas e a manutenção da intenção de compra de arroz importado pela Conab é um tiro duplo no ânimo dos produtores. O governo impôs uma grande derrota ao setor produtivo.
A medida tomada agora consegue ser pior do que o governo importando. O setor privado é muito mais organizado que o governo e pode trazer grandes volumes de arroz da Ásia com a tarifa zerada, acima do necessário e suficiente para detonar a rentabilidade do produtor. Poderá haver uma enxurrada de arroz importado no país, o que pressionaria os preços locais e poderá influenciar negativamente a decisão de plantio da safra 2024/2025.
A medida do governo deixou o agro em alerta, para dizer o mínimo. O setor já tem lidado com importações recordes de leite e agora vê a cadeia do arroz com chance de enfrentar sérios problemas.