Nesta semana, estive em Canarana, Mato Grosso, estado que lidera a produção de gergelim no Brasil. O evento reuniu mais de 500 pessoas interessadas no desenvolvimento dessa cultura, público grande para o tamanho da cultura no país.
O gergelim está ganhando atenção no agro nacional e a abertura de mercado da China para as exportações brasileiras é um dos fatores por trás desse movimento. Como maior importador mundial, o país asiático tem o poder de transformar cadeias produtivas, tal como vimos com a soja. A demanda chinesa faz os mercados crescerem rapidamente.
Será que o gergelim é a próxima grande aposta do agro brasileiro?
Segundo a Conab, a área plantada com gergelim no Brasil cresceu 83% na safra 2023/24 em relação ao ciclo anterior, atingindo 660 mil hectares, a maior expansão agrícola depois da soja. A produção mais que dobrou, saindo de 174 mil para 361 mil toneladas, puxada pelos baixos custos de cultivo e boa rentabilidade, especialmente em comparação ao milho segunda safra. Não por acaso, produtores do Mato Grosso e outros estados estão migrando para essa cultura, que oferece flexibilidade em janelas apertadas de plantio. Atualmente, Mato Grosso lidera a produção, depois vem Pará, Tocantins e Bahia.
Apesar da atenção que vem recebendo, o gergelim enfrenta desafios importantes. A produtividade no Brasil ainda é limitada, muito em função da dificuldade em obter sementes de qualidade. Para ser a bola da vez mesmo, precisará haver investimentos em melhoramento genético, aumento de escala e sinergia entre a iniciativa privada e governo, especialmente para aprovação de registro de cultivares.
Apesar dos obstáculos, o gergelim se apresenta como uma oportunidade viável, especialmente em regiões com vocação agrícola diversificada. A trajetória de sucesso da soja demonstra como o Brasil pode superar barreiras e dominar mercados globais. Será o gergelim a bola da vez? O futuro dirá, mas a aposta dos produtores e o interesse crescente no gergelim sinalizam que vale ficar de olho nesse cultivo.
